segunda-feira, 25 de outubro de 2010

25/10/10 - 23h12

A esta hora só já faltam umas horas para o início da (minha) vida nova.

Há pouco pensava, "Hoje um apartamento, amanhã a namorada". E num dia, a vida tal como a conheço dá uma volta de 180º.

Eu, por quem a minha mãe tomava por gay, afinal não o sou e numa reviravolta inesperada acabei por me "juntar" sem quase perceber como. A somar a isto, um espaço novo que podemos moldar ao sabor das nossas vontades. É quase demasiado bom para ser verdade. E são quase demasiadas coisas juntas e a acontecerem em tão pouco tempo.

Mas tenho um sorriso nos lábios. Acho que é esta coisa de olhar para a frente e de não ver nada que me faz ficar assim. Como será daqui por um ano? E daqui por cinco? E com tanta pergunta, o sorriso passa a gargalhada e fica difícil parar de gargalhar. Deve ser do nervoso miudinho.

quarta-feira, 26 de maio de 2010

Big Bang

2H era o nome de um tasco/casa de pasto ilegal. Ficava na Rua Actriz Palmira Bastos, em Lisboa, na porta H do segundo andar de um prédio com muitos andares.

Era um tasco/casa de pasto pacato, com clientela escolhida a dedo. Para entrar era preciso tocar à campainha e os donos só abriam a porta a quem queriam, ou não fossem eles os donos. Os habitués da casa contavam-se pelos dedos de uma mão. Tinham dia fixo para lá ir e já sabiam o que iam encontrar. Isso quase nunca mudava.

Na cozinha do tasco/casa de pasto, ao fundo, estava um daqueles frigoríficos antigos, do tempo em que os frigoríficos ainda se fechavam com chave e em que a distância entre as prateleiras, lá dentro, era calculada ao centímetro para que em cada uma delas pudesse caber, de pé, um frasco de vidro de ketchup Heinz.

Lá dentro, mais pequeninas do que os frascos do ketchup, estavam as minis que os clientes bebiam. Custavam o suficiente para cobrir o preço da mini mas não cobriam o da gasolina do carro para as ir buscar ao hipermercado. O dinheiro das minis, controlado até ao último tostão, guardava-se numa velha caneca de vidro que estava em cima do frigorífico velho. As minis abriam-se com um abre-latas em forma de caneca de cerveja cheia, daqueles com íman para colar no frigorífico. De resto, o 2H era um dos poucos tascos/casa de pasto onde quase nunca se pastava e onde quase sempre só se bebia.

Na sala onde os clientes bebiam a cerveja, havia jogos. Jogos dos anos 90, como o Supaplex, e jogos de futebol projectados na parede, com cada jogador a medir 1,5m de altura. E entre um e outro, havia muita conversa. Era de valor.

E era assim o 2H.

quarta-feira, 19 de maio de 2010

História diferente

Passam oito minutos das seis da manhã. O dia desponta e a estação insiste em manter-se fria, contrária àquela que devia ser a regra mas sem fugir à norma a que o país se habitou. Estou a caminho de casa.

O telemóvel marca agora vinte e duas horas e trinta e tal minutos. Saio do turco com um saco de plástico na mão. Dentro, um durum de frango promete fazer as delícias de um estômago que não come há nove horas. Voltei de casa.

Entre um e o outro parágrafo, dezenas de histórias para contar.

As idas a casa são (quase só) versões diferentes de histórias parecidas. Começam normalmente cedo e acabam a chegar ao ponto de partida e a fechar o círculo já a noite caiu. Há a do Natal, aquela do Verão, depois repete-se a do Natal, seguida da do Verão…

Mas esta história foi diferente. Teve festa, como as outras, família, amizade, amor, mas foi diferente. Foi bom reunir à mesma mesa, em duas ocasiões, família e amigos e vê-los ali, em amena cavaqueira. Tanta conversa para ser dita e, no final, tão pouco tempo para tudo. Como sempre.

Li outro dia um ensaio sobre a família, a amizade e os tempos que correm. Dizia o autor (do qual não tenho nome de memória) que hoje, ao contrário do que era norma há muito, muito tempo atrás, temos a liberdade de escolher o nosso círculo de relações, construir “a nossa família”, e não sermos obrigados a viver com a que nos impõem. Tenho a sorte de as minhas duas “famílias” – a verdadeira e a outra, a de amigos – serem do melhor que há. E de pensar que com gente desta, voltar a casa, seja para mais uma história de Natal ou Verão ou para uma história diferente, vale sempre a pena.

domingo, 9 de maio de 2010

Post teste

Duas frases só para ver se a blogosfera não vomita o que aqui escrevo. É que depois de quase dois anos sem aqui escrever, desconfio que o estômago do blogue possa estar sensível e não aguentar tanto texto...