quarta-feira, 19 de maio de 2010

História diferente

Passam oito minutos das seis da manhã. O dia desponta e a estação insiste em manter-se fria, contrária àquela que devia ser a regra mas sem fugir à norma a que o país se habitou. Estou a caminho de casa.

O telemóvel marca agora vinte e duas horas e trinta e tal minutos. Saio do turco com um saco de plástico na mão. Dentro, um durum de frango promete fazer as delícias de um estômago que não come há nove horas. Voltei de casa.

Entre um e o outro parágrafo, dezenas de histórias para contar.

As idas a casa são (quase só) versões diferentes de histórias parecidas. Começam normalmente cedo e acabam a chegar ao ponto de partida e a fechar o círculo já a noite caiu. Há a do Natal, aquela do Verão, depois repete-se a do Natal, seguida da do Verão…

Mas esta história foi diferente. Teve festa, como as outras, família, amizade, amor, mas foi diferente. Foi bom reunir à mesma mesa, em duas ocasiões, família e amigos e vê-los ali, em amena cavaqueira. Tanta conversa para ser dita e, no final, tão pouco tempo para tudo. Como sempre.

Li outro dia um ensaio sobre a família, a amizade e os tempos que correm. Dizia o autor (do qual não tenho nome de memória) que hoje, ao contrário do que era norma há muito, muito tempo atrás, temos a liberdade de escolher o nosso círculo de relações, construir “a nossa família”, e não sermos obrigados a viver com a que nos impõem. Tenho a sorte de as minhas duas “famílias” – a verdadeira e a outra, a de amigos – serem do melhor que há. E de pensar que com gente desta, voltar a casa, seja para mais uma história de Natal ou Verão ou para uma história diferente, vale sempre a pena.

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